Visão Geral

IV Congresso Internacional da Faculdades EST

“Política, ESTética e Direito”

“O pensar teológico em tempos sombrios”

Política:

A política se refere a nossas ações de coletividade, à convivência com a diferença e a ações estratégicas em prol do bem comum. A política tem a ver com como nós nos relacionamos uns com os outros apesar de nossas diferenças e em respeito a nossas diferenças. Pensar sobre política envolve o debate sobre como modos de ação, organização, decisões humanas possibilitam a liberdade ou a exploração, a autonomia ou a dependência. É mais do que compreender processos e sistemas de governabilidade existentes.

O contexto político nacional e internacional tem refletido dificuldades políticas. Ações políticas têm sido fortalecidas por situações de opressão e violência. Mesmo em contextos democráticos são perceptíveis limitações e violências semelhantes a contextos ditatoriais e totalitários. Os modos de organização e gestão políticas têm se mostrado frágeis quando se trata de perguntar pela vida de inúmeras pessoas. Assim, pensar política é pensar o quanto nós estamos nos aniquilando e o quanto nós não estamos conseguindo conciliar e dialogar com as diferenças. Política tem a ver com democracia, com repensar constantemente processos democráticos e suas limitações, com revisitar histórias ditatoriais.

Religião e política sempre se envolveram ao longo da história, mediadas pelo discurso do poder. O entrelaçamento religião-política demonstra-se complexo e não isento de violências e violações. De uma forma ou outra, religiões são ou sujeitos ou objetos de acontecimentos políticos, seja quando religiões impõem ações coletivas, seja quando motivam pensamentos e preconceitos contra a diferença, seja quando promovem a reflexão sobre a vida pública e a luta por direitos. Religiões não estão fora de ações e decisões políticas. Nesse sentido, a política demanda uma reflexão como parte do mundo, como responsabilização pelo mundo. Se política é convivência com as diferenças, uma teologia crítica e autocrítica também assume comprometimentos políticos. É imperativo que política e, nela, democracia se tornem pauta de reflexão teológica.

Nessa direção, o IV Congresso Internacional da Faculdades EST convida a debater sobre política, em especial, a democracia, o papel político da teologia, as relações entre religião e Estado e as ações das religiões na vida pública, sobretudo, quando a convivência com as diferenças se torna cenário de violência.

ESTética:

Em sua compreensão histórica, estética não é mera aparência, forma ou obras belas para a contemplação. A experiência estética não pode ser compreendida, se houver separação entre racionalidade e sensibilidade. Estética refere-se a experiências, relações, significações, expressões, interpretações. Pela experiência estética, há uma relação entre quem experimenta/interpreta e o que é experimentado/interpretado. Trata-se de convertermos nosso olhar sobre a realidade. Estética tem a ver com provocar o nosso olhar para um convite a permanecemos juntos às coisas, num reencontro com o mundo. Pela experiência estética, é possível rompermos com a condição de descartabilidade da vida. A experiência estética envolve arte em todas as suas expressões: música, poesia, teatro, dança, escultura, arquitetura, literatura, cinema, quadrinhos.

A obra de arte testemunha o mundo, desvela-o. Ela permite um voltar ao mundo, afirmando a temporalidade e a fragilidade do acontecer do ser. A relação com a obra de arte é sempre um acontecimento gestado e em gestação, pleno, significante, comprometido, único, acabado e aberto. Assim, é possível perceber que as tentativas de generalizar a experiência estética destroem justamente a liberdade, a autenticidade, a criatividade; tentam prender o mistério, padronizar a experiência numa única lógica, categorizar modos de pensar e sentir, enquadrar o olhar. As diversas formas de arte constituem em uma reorientação ao habitar o mundo. Por isso, estética é conjugada com ética = ESTética.

As experiências estéticas constituem parte indelével das histórias das religiões (as músicas, os ritos, os mitos, os vitrais, as peças teatrais, as artes). Por meio de um olhar teológico às expressões artísticas e às experiências estéticas, há a possibilidade de um questionamento crítico dos modelos de racionalidade e de ciência existentes. Como discurso humano acerca da esperança, como denúncia de violências e violações que ferem a convivência e anúncio de símbolos de beleza e de uma realidade ausente, o saber teológico se conjuga com ética e estética.

Nessa direção, o IV Congresso Internacional da Faculdades EST convida a debater sobre a experiência estética e as expressões artísticas como testemunhas do mundo, como possibilidade de reflexão crítica de reorientação à ação teológica.

Direito:

Pensar sobre direito remete à preocupação com as condições da vida e com a qualidade das relações existentes no espaço público. O direito vai além dos sistemas jurídicos. No cenário político, temos testemunhado inúmeras violências e violações. Logo, pensar sobre direito traz o enfoque nos direitos humanos, nas lutas sociais, no clamor por justiça, na percepção das desigualdades, na desconstrução de lógicas de exploração e opressão. No amplo contexto dos direitos humanos, precisamos nominar as lutas contra o sexismo, o racismo, a homofobia, a exploração ambiental e outras formas de degradação do mundo.

Infelizmente, as religiões são violadoras de direito, assumindo frequentemente posturas violentas em relação à alteridade e à convivência com as diferenças. Assim, os direitos humanos emergem como “sinais dos tempos”, como afirma Norberto Bobbio, sendo reflexo das contradições humanas, visto que os seres humanos não são definidos “[...] apenas do ponto de vista da sua miséria, mas também do ponto de vista da sua grandeza em potencial”.[1] Dessa forma, a teologia torna-se um saber que ouve “os gemidos dos que sofrem”, assumindo a postura de um saber de resistência, de participação na construção dos direitos humanos.

Nessa direção, o IV Congresso Internacional da Faculdades EST convida a debater sobre direito, em especial, direitos humanos, e a pensar o papel da teologia na construção crítica das relações entre as pessoas e com o mundo.

Saudosamente, convidamos você, pois, ao compromisso político, estético e ético – em esperança e em oração – com a liberdade, a dignidade, a igualdade e a convivência das diferenças.

Venha refletir conosco, pensar ações estratégicas, partilhar experiências, estabelecer relações, criar laços, entoar a esperança, em um dos mais significativos eventos acadêmicos de 2018.

Venha conviver.

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[1] BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 4. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 223.



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